segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Milagres

Tenho observado, através da minha experiência docente, que os alunos que não possuem um cronograma pessoal de estudos, organizado e eficaz, apresentam problemas no processo de aprendizagem. Estes alunos, geralmente envolvidos em diferentes atividades, muitas das quais distantes da área profissional na qual estão inseridos, têm dificuldade para acompanhar os conteúdos e realizar as tarefas escolares, obtendo resultados insatisfatórios nas matérias teóricas e práticas interpretativas.

Este problema poderia ser evitado se, antes de ingressar na universidade, as pessoas definissem claramente as suas preferências pessoais e profissionais. Seria igualmente salutar que elas percebessem que existem escolas e programas específicos para cada perfil, razão pela qual o campo de trabalho, as exigências, as competências e as habilidades dos bacharéis, licenciados e técnicos são diferentes. Independente da área escolhida, e para ingressar no mercado com dignidade e competência, o estudante de música precisa se dedicar, com afinco e determinação, às práticas instrumentais e vocais e ao estudo das matérias teóricas.

O aluno necessita (re) definir o que é prioritário e desenvolver novos hábitos, como, por exemplo, passar a estudar diariamente, sempre no mesmo horário, no mesmo local, nas mesmas condições. Na sala de estudo, o computador, o celular, a televisão e o rádio só devem ser utilizados nos casos estritamente necessários, pois desconcentram e mudam o foco de atenção. Uma boa solução é dividir o tempo disponível e ensaiar em várias seções ao longo do dia. Se alguém dispõe de quatro horas, talvez seja mais viável praticar uma hora e meia pela manhã, uma hora e meia à tarde e uma hora à noite, sempre com pequenos intervalos, uma vez que as estimativas indicam que, nos seres humanos, o período máximo em atividade de esforço concentrado gira em torno de cinqüenta minutos. Também é importante ingerir muita água e alimentar-se bem, pois a mente e o corpo precisam da energia dos alimentos para trabalhar com mais eficiência.

A autocrítica é um elemento essencial neste processo e o aluno, com ajuda do professor, deve ter finalidades claras e definidas a curto, médio e longo prazo, estabelecendo metas diárias, semanais, mensais, semestrais e anuais. O nível técnico e artístico que ele pretende atingir (e, conseqüentemente, o sucesso financeiro e profissional) será proporcional às horas gastas em estudo e ensaio. Para evitar a criação de falsas expectativas, que serão responsáveis pelas frustrações e traumas, é crucial que se faça um paralelo entre os objetivos estabelecidos; a quantidade de horas reservadas para o estudo; as condições nas quais se trabalha; e o nível de motivação, interesse, concentração, sistematicidade e método do aluno e também do professor. Só assim, então, será possível estimar em quanto tempo os resultados (ou milagres?) provavelmente aparecerão.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)