domingo, 31 de agosto de 2014

A música de concerto em Campina Grande

Em Campina Grande, nos últimos cinco anos, o espaço para a música de concerto ampliou-se. Vários fatores contribuíram para a definição deste quadro. A homologação da Lei 11.769/2008, que tornou obrigatório o ensino de música na educação básica, é um deles, muito embora ainda seja necessário discutir as práticas pedagógico-musicais em espaços formais e não-formais, públicos e privados, de forma geral, aqui na cidade.

Os cursos livres da FURNE, UEPB, UFCG e de algumas escolas particulares também deram uma grande contribuição, porque atendem a uma larga parcela da população, oportunizando a pessoas de diferentes faixas etárias e níveis sócio-econômico-culturais o acesso ao diversificado mundo da música. Nota-se que, gradualmente, muitos dos alunos oriundos de tais cursos ingressam na graduação em Música da Universidade Federal de Campina Grande, que, desde a sua implantação, em 2009, permitiu, portanto, a formação de vários profissionais, bem como o trânsito de nomes relevantes da música de concerto.

O mês de julho, este ano, foi uma verdadeira maratona na Serra. Começou com a retomada do projeto Segundas Musicais, no Auditório da Unidade Acadêmica de Arte e Mídia. Depois, veio o Festival Internacional de Música de Campina Grande, que é, provavelmente, o evento que mais traduz o nosso crescimento neste campo. Em seguida, o Sonora Brasil, do SESC, trouxe o Duo Cancionâncias, o Quinteto Brasília, o Polyphonia Khoros e o Quarteto Belmonte, cujas performances tiveram como foco a música de Edino Krieger. Na mesma semana, atores, solistas, coro e orquestra de câmara apresentaram a Cantata pra Alagamar, de Waldemar Solha e José Alberto Kaplan, que integra o banco do SESC Partituras. Na abertura do 39º Festival de Inverno, a Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba, sob a batuta do maestro Luís Carlos Durier, apresentou-se no palco montado na Praça da Bandeira.

Recentemente, a Comissão do Sesquicentenário, em parceria com o Instituto Cresce Campina, a Associação de Amigos do Teatro Municipal Severino Cabral e a Associação dos Amigos do Festival Internacional de Música de Campina Grande, iniciou o projeto Música no Parque. Os concertos, com caráter didático, serão realizados durante dez domingos, no Parque da Criança, sempre pela manhã, com duração média de uma hora, contemplando clássicos da literatura brasileira e internacional. É, portanto, dessa forma, com atividades gratuitas e diversificadas, em locais e horários acessíveis, que estamos trabalhando para expandir a vida musical na região da Rainha da Borborema. A democratização do acesso à arte, ao mesmo tempo em que amplia as opções de lazer e entretenimento da população, diverte, educa, favorece o intercâmbio entre estudantes e profissionais, estimula novas vocações, dinamiza a vida cultural e o mercado de trabalho, fortifica as ações do curso de Música da UFCG, contribui para a consolidação da cidadania e a formação do homem pleno.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)

domingo, 24 de agosto de 2014

O Canto Coral na Paraíba: Nelson Mathias e Célia Bretanha Junker

A década de setenta foi marcada pela expansão das atividades artístico-culturais na Universidade Federal da Paraíba. É desta época que data a criação do Núcleo de Extensão Cultural (NEC) do Campus II, em Campina Grande, que recebeu diferentes grupos e artistas, dentre os quais o maestro Nelson Mathias e a professora de técnica vocal Célia Bretanha Junker.

Convidados por Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque e Sebastião Vieira, respectivamente, Reitor e Pró-Reitor do Interior da UFPB, Nelson Mathias e Célia Bretanha Junker trabalharam com o Coral da UFPB, Campus II, entre 1978 e 1982. O grupo era heterogêneo e formado por cerca de setenta cantores, pessoas advindas da população universitária e da comunidade em geral. Os ensaios eram diários, de segunda a sexta, entre o final da tarde e o início da noite. As atividades eram múltiplas, abrangendo exercícios de relaxamento, técnica vocal, ensaios por naipes e coletivos, que tinham como objetivo desenvolver a musicalidade e a sonoridade do grupo. A estreia do coro aconteceu em 31 de agosto de 1978, quatro meses após a sua criação.

No repertório, obras da música renascentista à contemporânea, passando pela literatura folclórica e popular brasileira. Com essas canções o coro se apresentou em vários eventos artísticos e culturais da cidade, estado, região e país, conquistando, por exemplo, o segundo lugar no V Encontro de Corais de Recife. Naquele certame, o grupo concorreu com trinta e dois coros de diferentes partes do Brasil e, por este importante feito, recebeu o reconhecimento da crítica especializada e da população campinense. A vereadora Maria Lopes Barbosa apresentou, no dia 9 de novembro de 1978, por meio de requerimento aprovado pela Câmara Municipal de Campina Grande, voto de felicitações para o coro, solicitando que o fato fosse comunicado ao Magnífico Reitor. O prefeito Evaldo Cruz também ressaltou o êxito da segunda colocação, enaltecendo o trabalho do maestro e  dos cantores, destacando a vocação artística da Rainha da Borborema e da UFPB.

Ao longo da pesquisa que estamos desenvolvendo, coletamos histórias, documentos, fotos, programas e fitas K-7, nas quais estavam gravados os primeiros recitais. Por meio de tais materiais, analisamos o perfil do coro, a sua imagem e sonoridade, suas  práticas sócio-culturais-educativas e, finalmente, as contribuições do trabalho realizado pelo Coral da UFPB, Campus II, para a vida artística e cultural de Campina Grande, da Paraíba, do Nordeste e do Brasil. Nos dias 25, 26 e 27 de setembro, Nelson Mathias e Célia Bretanha Junker estarão na Serra da Borborema para conferir o resultado da investigação, reencontrar ex-cantores, amigos e fãs, reger o Coro de Câmara de Campina Grande e também falar sobre a vida, a música e o canto coral, esta arte apaixonante.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)