sábado, 23 de novembro de 2013

Teatro Municipal Severino Cabral - 50 anos

Esta semana Campina Grande está em festa por conta dos cinquenta anos do Teatro Municipal. A programação comemorativa inclui espetáculos de música, teatro, dança, eventos literários e vernissages. Este templo da arte e da cultura, arquitetado por Geraldino Pereira Duda, foi construído na administração do prefeito Severino Bezerra Cabral, um gestor que se notabilizou por seu espírito empreendedor.

O projeto inseriu Campina Grande no roteiro de importantes companhias e artistas, colocando a Rainha da Borborema em sintonia com as produções contemporâneas de diversas partes do Brasil e do mundo. Foi ali, no Teatro Municipal Severino Cabral, no início dos anos oitenta, que comecei meus estudos musicais, no Departamento de Artes, do Campus II, da Universidade Federal de Campina Grande. Minhas primeiras aulas de Flauta Doce, com o professor Carlos Alan, aconteciam no quinto andar. A Oficina de Música, sob a coordenação de Fernando Barbosa, funcionava no térreo, ao lado do Paulo Pontes, onde eram realizados os ensaios dos grupos de câmara, conduzidos por Luceni Caetano. Foi também no palco do Severino Cabral que me apresentei cantando no tenor do FACMADRIGAL, sob a direção de Sérgio Telles, e do Coro em Canto, regido por Fernando Rangel.

Ao longo destes anos, participei de vários eventos naquela casa: os Congressos de Teoria e Crítica Literárias, os Festivais de Inverno, os Festivais de Coros da Fundação Artístico-Cultural Manuel Bandeira e o primeiro Encontro para a Nova Consciência, cujo vídeo com a apresentação do Grupo Vocal Nós e Voz, àquela época cantando obras da Renascença, encontrei, recentemente, no site Retalhos Históricos de Campina Grande (http://www.youtube.com/watch?v=2Z8zTBj-3HI&list=FLL6bqg07ZCa6wMwc3X6u9aw). Entre o final dos anos oitenta e o início dos anos noventa, estreei um espetáculo cênico com o mesmo grupo, Dia de suicídio (ou como atravessar a rua sem ser assaltado), em parceria com Thúlio Antunes. Trabalhamos muito, ora encantados, ora espantados, porque uma pesada vara de luz balançava misteriosamente enquanto ensaiávamos na madrugada nublada da Serra. Nesse projeto, compartilhei ideias e emoções com Márcio Antunes, Almir Almeida, Fábio Dantas, Sérgio Abajur, Álvaro Fernandes, Renan Barbosa, Napoleão Gutenberg e tantos outros. Nos últimos anos, alegra-me ver a multidão enfileirada na porta do Teatro, aguardando as atuações magistrais dos convidados do Festival Internacional de Música de Campina Grande.

Com a janela da memória aberta, reverencio Joel Cavalcante, Raimundo Formiga, Hermano José, Carlos Santos, Wilson Maux, Eneida Maracajá, Gilmar Albuquerque, Saulo Queiroz, Alana Fernandes e Aluizio Guimarães pela dedicação ao Teatro. Que a iniciativa de Seu Cabral, o Pé de Chumbo, inspire outros gestores. E que no centenário possamos, quiçá, ao ver o balé, o coro e a orquestra do Municipal, incluir outros nomes na lista dos gestores, homens e mulheres, sensíveis e comprometidos com arte e cultura nesta cidade.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)