sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Festivais Internacionais de Música da UFPI

Em 2005, realizamos o I Curso Internacional de Canto da Universidade Federal do Piauí. A iniciativa teve como objetivo promover o aperfeiçoamento dos músicos que atuam na região, mais especificamente os cantores líricos, e contou com a participação da professora Julie Cássia Cavalcanti (França) e do pianista José Maurício Vale Brandão (Brasil). No ano seguinte, foi a vez do II Festival Internacional de Música da UFPI, uma iniciativa mais robusta e que contou com a presença dos norte-americanos Lori Bade (mezzo-soprano), Gary Packwood (regência), Ian Davidson (oboé), Jack Laumer (trompete), dos pianistas brasileiros Maria Célia Vieira, Bruna Vieira e José Henrique Martins, bem como dos professores João Berchmans de Carvalho Sobrinho, Alberto Dantas, Emmanuel Coelho Maciel, Beetholven Cunha, Joaquim Ribeiro Freire Neto, Erisvaldo Borges e Marly Gondim. A programação foi diversificada (veja), abrangendo palestras e recitais, que foram realizados na UFPI, IFPI e Igreja de São Raimundo Nonato.

Um dos momentos marcantes foi o recital do Madrigal da UFPI, sob a direção de Gary Packwood, um amigo que tive a oportunidade de encontrar no tempo de doutorado, na Louisiana State University. Como de costume, preparei o coro, que, muito embora com apenas poucos meses de existência, estava muito motivado para preparar as obras e trabalhar sob a batuta de um convidado tão inspirador. A seleção era toda dedicada à literatura coral estadunidense, incluindo The Lord Is My Shepherd (Allan Pote), os spirituals Great Day e Walk in Jerusalem, com arranjos de Moses Hogan e Rollo Dilworth, respectivamente. O repertório foi aprendido em pouco tempo, por meio do solfejo móvel, ficando os detalhes da preparação sob os cuidados do maestro, que ensaiou com afinco durante uma semana.

Todo Festival tem sempre muitas histórias engraçadas. A UFPI, na ocasião, disponibilizou uma Kombi sem ar-condicionado para transportar os artistas em Teresina, que no mês de agosto já se prepara para o bê-erre-ó-bró. Como na Igreja de São Raimundo Nonato não havia um piano, transportamos o da sala 448, do DEA, para o referido templo, na carroceria da caminhoneta do pai de Dayana Brasil. Foi uma aventura e tanto.

Porque é Natal e fim de ano, é tempo de reordenar gavetas, rever o que faz sentido, o que deve ser reciclado, e o que deve, de fato, ir para o lixo. É hora de reencontrar-se com as memórias, boas e ruins, importantes e inexpressivas, os instantes de alegria e tristeza. E foi assim, mexendo nos meus recônditos, que encontrei uma gravação do concerto do Madrigal da UFPI no referido evento, em 2006 (ouça). Ouvindo-o, um filme invadiu as brechas do tempo-espaço, fazendo-me sentir a emoção daquele instante, que permanece vivo nesse lugar sagrado que é o coração, onde também estão aqueles com os quais compartilhei tão intenso amor.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)