domingo, 25 de julho de 2010

Londrina, a cidade de todas as músicas.

Estive novamente no Paraná participando da trigésima edição do Festival de Música de Londrina (http://www.fml.com.br/). Aceitei o convite do diretor artístico deste importante evento, o pianista Marco Antonio Almeida, com grande alegria e com a missão, digamos assim, de representar as regiões Norte e Nordeste do Brasil.

O Festival, que é de todas as músicas, acolheu mais de novecentos alunos oriundos de diversos estados brasileiros. O corpo docente e os artistas convidados vieram de diferentes partes do nosso país e do mundo, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Rússia, Coréia e Japão. Durante as duas semanas do Festival foram realizados oitenta concertos em Londrina e cidades vizinhas para, aproximadamente, oitenta mil pessoas. O investimento financeiro, estimado em quase um milhão de reais, foi obtido graças à sensibilidade, comprometimento e engajamento dos gestores públicos e das instituições privadas, nacionais e internacionais, que se uniram em prol da música.

Na abertura, a Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina, comandada pelo maestro Norton Morozowicz, apresentou o Concerto para piano em fá, de George Gershwin, e o Choros nº 10, de Villa-Lobos. Para homenagear o compositor Robert Schumann, cujo bicentenário de nascimento estamos comemorando, apresentamos o espetáculo cênico-musical Ich liebe dich!, o romantismo como destino, que mostrou a complexa relação entre Clara Wick e Robert Schumann. Naquela noite fria e sombria, aquecemos Londrina com a música e as correspondências deste casal apaixonado. Chopin também foi reverenciado no recital da pianista russa Julija Botchkovskaia. No entanto, o mundo girou quando Lia de Itamaracá dançou ciranda, no meio da praça; depois, encantou-se quando Marília Álvares e Angelo Dias, lá no Teatro Zaqueu, apresentaram um panorama da canção brasileira através da lírica de Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos e Waldemar Henrique; por fim, a terra tremeu, no Ouro Verde, no momento em que os tímpanos anunciaram Carmina Burana, de Carl Orff, que interpretamos com quase duas centenas de músicos e cantores, todos integrantes da orquestra e do coro do Festival, sob a regência do maestro japonês Daisuke Soga.

Em todas as aulas, eventos e concertos, o interesse e o envolvimento dos participantes e de toda a equipe organizadora foram determinantes para o sucesso deste intercâmbio cultural e educacional, que, inevitavelmente, muda nossas vidas para sempre. Todos nós tivemos uma excelente oportunidade para ampliar as perspectivas musicais, artísticas e humanas. Pelo céu do Brasil, vou subindo em direção ao topo da Serra da Borborema, acomodando malas e experiências; contemplando um belo horizonte sem fronteiras; acalentando novas ideias; ouvindo o eco da minha voz; revendo a trajetória dos meus gestos; relembrando o momento no qual meus alunos compreenderam os seus limites e também descobriram as suas potencialidades; esperando por novos desafios, outros festivais.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)

2 comentários:

Najla Santos disse...

Participei do Festival de Música nos últimos três anos e neste ano não pude ir em virtude da dedicação ao mestrado e compartilho que o Professor Vladimir muito contribuiu em suas aulas com estímulos para que nos dedicássemos ao estudo. Ler este artigo me trouxe ótimas lembranças do FML. Admiro os organizadores por manterem com tanta qualidade o FML através das sábias escolhas pelos professores atuantes, e o professor Vladimir é um deles! Londrina respira um ar muito musical neste período e contagia a todos que por lá passam e com certeza ao sairmos de lá não somos os mesmos. Minha paixão pela música e a vontade de aprender aumentou ainda mais...

O canto lírico disse...

Foram dias inesquecíveis,foi um prazer estar ali, aprendendo mais sobre música,tendo novas experiências, conhecendo pessoas de vários lugares do país, excelentes professores.Poder rever amigos.Estar no coro preparado por você foi uma volta ao túnel do tempo quando ensaiavamos na 448,incrível.Obrigada professor serei sempre grata a Deus pela sua vida.

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