quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Técnica vocal e movimento corporal

O corpo em movimento: um estudo do gesto aplicado à técnica vocal é o título do trabalho apresentado, em conjunto com Merlia Helen Faustino da Silva, no Congresso da Associação Nacional de Pesquisa em Música (ANPPOM), realizado em São Paulo, capital, este ano. O artigo completo está disponível para download gratuito nos Anais do evento (http://goo.gl/oy7Hdh).

A pesquisa discute a relação entre movimento e som e teve como objetivo criar subsídios teóricos auxiliares à atuação dos regentes no trabalho de técnica vocal com coros. A primeira etapa abordou a fisiologia do movimento, o alongamento, o relaxamento e o aquecimento corporal e vocal. A segunda descreveu e analisou alguns exercícios que combinam som e movimento, fundamentado em autores como James Jordan, Henry Leck e Randy Stenson. Percebeu-se que há na literatura especializada uma forte preocupação com as diferentes fases de preparação do cantor, incluindo o aquecimento, o alongamento, o relaxamento e a realização de exercícios vocais que favoreçam uma atuação eficaz do intérprete. Muito embora as opiniões sejam divergentes quanto aos procedimentos, sequência e quantidade de exercícios usados para tal finalidade, vários autores convergem para a necessidade de desenvolver um amplo programa de treinamento baseado na estreita relação entre mente e corpo, tendo como objetivo a ampliação do repertório gestual do cantor, permitindo desta forma, uma atuação mais fluente, espontânea e, consequentemente, mais expressiva.

A combinação entre gestos e sons enriquece a prática musical, fazendo com que os cantores percebam as sutilezas do discurso musical, a importância de determinadas notas, acordes, frases, elementos textuais. Henry Leck, por exemplo, acredita que a inclusão dos gestos nas atividades de técnica vocal contribui para o aprimoramento da prática coral, baseado nos resultados obtidos em seus coros. Para ele, a fusão do som com o movimento corporal faz com que os cantores se expressaram mais livremente, tendo maior controle sobre a entonação, a homogeneidade, o ritmo, a dinâmica e a articulação. Além disso, cria um maior nível de comunicação entre os cantores, público e regente, promovendo uma grande experiência musical para todos os envolvidos.

A recorrência sistemática às metáforas e outras imagens estimula a exploração de diferentes sonoridades, evoca sensações específicas. A associação dos exercícios de aquecimento com os elementos propostos por Laban (peso, espaço, tempo fluência) contribui para tal finalidade, educando a inteligência musical e sinestésica. Para ver a aplicação prática da associação entre som e movimento, sugiro assistir alguns vídeos (http://goo.gl/iEsVYN e http://goo.gl/N8CsDd). O St. Mary’s International School Show Choir, regido por Randy Stenson, é conhecido por suas performances que combinam música e movimento (http://goo.gl/NtnDgu). A compreensão destes princípios está em consonância com a visão de música como uma forma de discurso impregnada de metáfora, conforme explica Keith Swanwick.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)

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