O corpo em movimento: um
estudo do gesto aplicado à técnica vocal é o título do trabalho apresentado, em
conjunto com Merlia Helen Faustino da Silva, no Congresso da Associação
Nacional de Pesquisa em Música (ANPPOM), realizado em São Paulo, capital, este
ano. O artigo completo está disponível para download gratuito nos Anais do
evento (http://goo.gl/oy7Hdh).
A pesquisa discute a relação entre movimento e som e teve como objetivo
criar subsídios teóricos auxiliares à atuação dos regentes no trabalho de
técnica vocal com coros. A primeira etapa abordou a fisiologia do movimento, o
alongamento, o relaxamento e o aquecimento corporal e vocal. A segunda
descreveu e analisou alguns exercícios que combinam som e movimento,
fundamentado em autores como James Jordan, Henry Leck e Randy Stenson. Percebeu-se
que há na literatura especializada uma forte preocupação com as diferentes
fases de preparação do cantor, incluindo o aquecimento, o alongamento, o
relaxamento e a realização de exercícios vocais que favoreçam uma atuação
eficaz do intérprete. Muito embora as opiniões sejam divergentes quanto aos
procedimentos, sequência e quantidade de exercícios usados para tal finalidade,
vários autores convergem para a necessidade de desenvolver um amplo programa de
treinamento baseado na estreita relação entre mente e corpo, tendo como
objetivo a ampliação do repertório gestual do cantor, permitindo desta forma,
uma atuação mais fluente, espontânea e, consequentemente, mais expressiva.
A combinação entre gestos e sons enriquece a prática musical, fazendo
com que os cantores percebam as sutilezas do discurso musical, a importância de
determinadas notas, acordes, frases, elementos textuais. Henry Leck, por
exemplo, acredita que a inclusão dos gestos nas atividades de técnica vocal
contribui para o aprimoramento da prática coral, baseado nos resultados obtidos
em seus coros. Para ele, a fusão do som com o movimento corporal faz com que os
cantores se expressaram mais livremente, tendo maior controle sobre a
entonação, a homogeneidade, o ritmo, a dinâmica e a articulação. Além disso,
cria um maior nível de comunicação entre os cantores, público e regente,
promovendo uma grande experiência musical para todos os envolvidos.
A recorrência sistemática às metáforas e outras imagens estimula a
exploração de diferentes sonoridades, evoca sensações específicas. A associação
dos exercícios de aquecimento com os elementos propostos por Laban (peso,
espaço, tempo fluência) contribui para tal finalidade, educando a inteligência
musical e sinestésica. Para ver a aplicação prática da associação entre som e
movimento, sugiro assistir alguns vídeos (http://goo.gl/iEsVYN
e http://goo.gl/N8CsDd). O St. Mary’s
International School Show Choir, regido por Randy Stenson, é conhecido por suas
performances que combinam música e movimento (http://goo.gl/NtnDgu).
A compreensão destes princípios está em consonância com a visão de música como
uma forma de discurso impregnada de metáfora, conforme explica Keith Swanwick.
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