Messias, de G. F. Händel, é um dos
oratórios mais cantados em todo o mundo. Muito embora concebido para a Páscoa,
é também interpretado durante o Advento em serviços litúrgicos de diferentes
igrejas cristãs, auditórios e teatros. Por conta da sua extensão, frequentemente
apresentam-se excertos da obra, incluindo recitativos, árias e coros da primeira,
segunda e terceira parte.
Referência
na literatura do período barroco, a peça pode ser facilmente adaptada. Quando não há possibilidade de incluir solistas, faz-se uma
seleção contemplando os movimentos para coro. Se, por outro lado, não há
orquestra, é possível interpretá-la com um quarteto de cordas e contínuo ou até
mesmo apenas com um piano. Com relação à orquestração, é importante observar as
múltiplas versões existentes, algumas com traços mais românticos, que incluem
vários instrumentos diferentes daqueles da proposta original. Na Internet existem
muitas edições que apresentam divergências nos tons de algumas árias, bem como na
estrutura rítmica de alguns corais. Para dirimir dúvidas, é preciso compará-las e consultar
documentos históricos, assim como ouvir performances conduzidas por autoridades
da área, dentre os quais Robert Shaw e Vàclav Lucs.
O
oratório apresenta desafios, como, por exemplo, as coloraturas, que, às vezes,
intimidam regentes e cantores, sobretudo em coros amadores. Inicialmente, é
preciso compreender tais passagens ritmicamente. Como os melismas estão agrupados, deve-se enfatizar a primeira nota de cada grupo, destacando-se os tempos estruturais do compasso com o intuito de criar micro e macro tensão fraseológica. Como
exercício, as passagens melismáticas podem ser decompostas, e as notas, uma a uma, acrescentadas gradualmente. Fundamental é reduzir a velocidade da execução para
fins de aprendizagem e precisão. Outra possibilidade é pedir aos cantores com
mais domínio técnico que executem as coloraturas com clareza, articulando as
notas sem colocar um “h” aspirado antes de cada vogal, enquanto aqueles que têm
mais dificuldade poderão cantar o mesmo trecho com as sílabas “do” e “da”.
A pronúncia da consoante “d”, de forma delicada e discreta, ajudará na projeção
da voz, na articulação, na manutenção do tempo, na definição dos afetos, isso
tudo, é certo, sem desconsiderar o suporte respiratório e a ressonância. Estes
são alguns dos recursos amplamente utilizados em muitos coros e que têm dado excelentes
resultados, não obstante seja matéria controversa.
Nos
próximos dias, interpretaremos passagens deste repertório de formação, patrimônio da humanidade, em
Teresina e Campina Grande. A experiência, pioneira nas duas cidades, promoverá
o intercâmbio entre músicos do Projeto Música Para Todos, IFPI, IFG, UFRN, UFPI
e UFCG. Será, sem dúvidas, um marco em nossas trajetórias pessoais e
profissionais, tanto pela relevância do desafio artístico-musical quanto pela
mensagem do texto, que fala do Nascimento, Paixão e Redenção de Cristo, o Messias.
Um comentário:
Olá professor. Primeiro acesso ao seu blog desde o nosso encontro em Agosto em Vitória. Mando meus sinceros cumprimentos e desejo bons ventos.
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