sexta-feira, 24 de abril de 2015

Merci, mes amis.

Considero que foi extremamente positiva a turnê do Coro de Câmara de Campina Grande. Tudo aquilo que planejamos foi realizado com êxito. A imersão em um novo contexto permitiu a vivência de diferentes aspectos, que, certamente, farão toda a diferença nos campos profissional e pessoal de todos aqueles que participaram desta iniciativa. Um dos aspectos importantes da viagem foi a liderança compartilhada. Quatro membros do coro foram designados para coordenar os dois grupos de cantores que viajaram em dias, horários e companhias aéreas diferentes. A missão, bastante complexa, foi cumprida exemplarmente.

Ao entrarem em contato com outra realidade musical, nossos alunos se auto-avaliaram, concluindo que, sob a perspectiva técnica e artística, estão no caminho certo. Eles perceberam, contudo, que ainda é preciso investir muito na infraestrutura das nossas instituições, sobretudo no que diz respeito à aquisição de instrumentos, partituras, dentre outros equipamentos básicos. Nas cidades visitadas, os integrantes do coro observaram como se dá a organização do espaço urbano, como funcionam os serviços públicos e privados, o exercício da cidadania, fato que estimulou a reflexão crítica sobre a realidade brasileira.

Creio que é impossível voltar de uma experiência dessas do mesmo modo, pois o contato com o outro, com aquilo que é diferente, se projeta na nossa autoimagem e também na forma como percebemos o mundo. E isso estava refletido em muitos rostos, em tantos discursos, nos diferentes gestos dos meus cantores, gente que descobriu que é possível se reinventar, alterar as trajetórias, reescrever a própria história, ratificando, em termos poéticos, aquilo que José Roberto Torero, no romance Xadrez, truco e outras guerras, já havia preconizado: “se nós nos contentamos em ser como somos, nunca seremos aquilo que poderíamos ser.” É preciso, portanto, criar possibilidades, dar oportunidades. E esse é o objetivo de toda e qualquer ação educativa.

Esse processo transformador só foi possível porque contamos com a ajuda de parceiros sensíveis, que não mediram esforços para concretizá-lo. É por isso, então, que eu gostaria de agradecer ao Coro de Câmara de Campina Grande. Sem a confiança, dedicação, disposição, disciplina e trabalho árduo de todos vocês nada teria sido possível. Sou grato às instituições e às diversas pessoas que se engajaram de forma direta e indireta, mostrando caminhos, apontando soluções, especialmente quando tudo, muitas vezes, parecia inviável. Finalmente, meu reconhecimento à professora Julie Cássia Cavalcante e ao professor Olivier Petit, que, de forma tão gentil, nos acolheram naquele país, fazendo-nos sentir em casa. Sem a participação das prefeituras de Olivet e Gien, bem como das famílias anfitriãs, essa experiência não teria o mesmo sentido, a mesma relevância. Por isso, novamente, repito a frase que tantas vezes ouvimos em território francês: merci, mes amis!

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)

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