domingo, 5 de abril de 2020

O Canto Coral na Paraíba: José Alberto Kaplan

José Alberto Kaplan, argentino de nascimento (Rosário, 1935) e naturalizado brasileiro, estudou piano em sua localidade de origem com Arminda Farruggia e Ruwin Erlich, mudando-se posteriormente para a Europa, onde continuou sua formação e participou de vários concursos como intérprete em diferentes países, selando laços de amizade com grandes nomes do nosso meio, dentre eles Martha Argerich. Depois do Velho Mundo, retornou à Argentina, chegando ao Brasil no início da década de sessenta.

Campina Grande foi o lugar escolhido para esta nova etapa. Na verdade, não foi bem uma escolha. Kaplan aceitara uma proposta de emprego e passaria a lecionar no Instituto Campinense de Música, entidade mantida pela Associação Campinense Pró-Arte, dirigida pelo Dr. Manuel Tavares. No pouco tempo em que ficou por aqui, absorveu muito da cultura local, sobretudo nas visitas à feira central, ambiente no qual ouviu e encantou-se pela sonoridade dos repentistas e emboladores. Na capital, em João Pessoa, por volta de 1964, passou a lecionar na Universidade Federal da Paraíba, guiando uma legião de estudantes. Além de instrumentista, o professor Kaplan atuou também como compositor, muito embora apenas aos 43 anos tenha começado, de fato, a levar a sério o seu trabalho nesse campo. Sua atividade docente se desenvolveu em várias instituições, a exemplo da UFRN e da UFSM.

Como regente, conduziu a Orquestra de Câmara do Estado, a Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB), a Camerata Universitária e o Colegium Musicum. Boa parte das suas obras corais nasceram no período em que esteve a frente de tais conjuntos e, mais particularmente, do Coral Universitário “Gazzi de Sá”. Dentre as peças originais, para coro a capela ou com acompanhamento, destacam-se Ensino Público e Gratuito, Vamo vadiá, O Rei Encantado, Auto de Natal, Manifesto aos que tem o pé no chão, Catimbó, Maracatu Proverbial (Duas vozes - SATB), Escuta o meu protesto (Salmo 5), Trilogia, Aleluia, Canção da Saída, Vilancicos, Natal do Homem Novo, Madrigal e Cantata pra Alagamar. Quanto aos arranjos, encontram-se Casinha Pequenina, A Banda, Samba em Prelúdio e O Gemedô (vídeo). É importante destacar, ainda, a ópera O Refletor (texto de B. Brecht, adaptado pelo autor) e a comédia musical Burgueses ou Meliantes (texto de W. J. Solha). Mesmo tendo uma considerável e variada produção, sua música coral ainda é pouco conhecida, estudada e interpretada. As partituras e áudios já disponíveis estão em destaque. Para ter acesso às outras, é só entrar em contato.

Tive a oportunidade de estudar composição com Kaplito. Foi uma experiência incrível, na qual expandi meu potencial criativo. Absorvi tudo o que pude em sala de aula e na sua casa, que tive o privilégio de frequentar eventualmente. Aqueles dias e o seu nome estão gravados em minhas memórias e na história da música desta terra, que ele deixou em 2009.

Vladimir Silva (silvladimir@gmail.com)

2 comentários:

Ralmon Sousa disse...

Muito bom, Prof. Dr. Vladimir!
Você tem o link pra download?

Vladimir Silva disse...

Ralmon, no corpo do texto estão os links para download. Abraço.

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